Do Dicionário de Citações

Dupla delícia.
O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.
Mário Quintana

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Livro n. 6 - 3 de maio às 18h00

Livro, Um Objeto de Múltiplas Artes e Assuntos



A gravura de Maria Bonomi contaminou toda a nossa revista. Tal como a tinta que se impregna nos sulcos da madeira e no papel, sua arte atravessa as páginas e nos guia pelos desvãos de suas bibliotecas. É preciso ler as bibliotecas que Maria Bonomi criou para nós e se deixar conduzir pelas páginas impressas de livro n.6 com a mente, o coração e os poros abertos a essa experiência sensorial vibrante. Pois tanto quanto a gravura, de contaminação se trata a tipografia. Do metal pesado que se instala nas vísceras ao estalido seco que fere a superfície, tudo é contaminação no gesto da escria.
Logo no início, Conversas de Livraria apresenta um Donaldo Schüler “molhado da raiz do cabelo até às unhas dos pés”. O mestre-tradutor de Homero a James Joyce narra a experiência vivida com o neto, numa tarde molhada de primavera, na Feira do Livro de Porto Alegre. Entre livros-aquáticos, carros, trens e homens de turbante, o autor mergulha, enfim, em sua própria viagem literária, contaminado por essa “droga” da escrita (phármakon), como ele mesmo lembra, que para os antigos “reduz o território da produção oral”. 
Em Leituras, Yann Sordet busca nas antigas bibliotecas as listas, os catálogos e as bibliografias que testemunham a ordem dos livros no fio dos tempos. Jacques Hellemans contribui para nosso conhecimento sobre a imprensa nos Países Baixos espanhóis. De modo particular, o autor se volta para as publicações efêmeras e para o papel das gazetas no desenvolvimento da economia do impresso, nos séculos xvi e xvii. Jean Pierre Chauvin rende homenagem a duas grandes figuras, cujas trajetórias estão fatalmente ligadas aos livros: Ricardo Palma, historiador peruano que contribuiu para a reconstrução da Biblioteca Nacional do Chile e Claudio Giordano, colecionador, editor, escritor e membro do conselho de livro. José de Paula Ramos Jr. explica, com o exemplo concreto e bem-sucedido da Coleção Reserva Literária, o que é a ecdótica. Maria Viana traz a luz as artimanhas editoriais de Aluísio Azevedo, o autor que buscava viver de sua própria pena ...

Exposição: As Bbliotecas de Maria Bonomi


segunda-feira, 24 de abril de 2017

Lançamento: LIVRO n.6

O experimentar, o vivenciar alguma coisa... eu acho que essa é quase uma missão de você transferir para o outro, de você contaminar o outro com a sua essência. 
Maria Bonomi


A gravura de Maria Bonomi contaminou toda a nossa revista. Tal como a tinta que se impregna nos sulcos da madeira e no papel, sua arte atravessa as páginas e nos guia pelos desvãos de suas bibliotecas. É preciso ler as bibliotecas que Maria Bonomi criou para nós e se deixar conduzir pelas páginas impressas de livro n.6 com a mente, o coração e os poros abertos a essa experiência sensorial vibrante. Pois tanto quanto a gravura, de contaminação se trata a tipografia. Do metal pesado que se instala nas vísceras ao estalido seco que fere a superfície, tudo é contaminação no gesto da escrita. 

Deixe-se contaminar ...

Os Editores

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Editoras Universitárias em Foco

Livros e Universidades (Editora Com-Arte)

Lançamento: 18/04/2017, Terça-feira, 17h30
Local: Auditório Freitas Nobre (CJE-ECA/USP) 

É preciso enfatizar a ideia de que as Editoras Universitárias mobilizam não só intelectuais e leitores, mas também trabalhadores do livro e pesquisadores em ciência da comunicação. Ao racionalizar a confecção do livro, as Editoras Universitárias concorrem para o desenvolvimento  das letras, das artes e das ciências em geral. Como todo artefato de cultura, o livro possui estágios. Ao sair da Editora, ele conclui uma etapa e dá início a outra – quando se inicia sua vida social. Só depois de lido e assimilado é que se encerra a operação instaurada pelo autor e pela instituição em que se ele se formou. Creio que essa cadeia forneça uma imagem da conexão da Editora com os mecanismos de produção de saber em sua universidade, donde a importância de conhecer e problematizar a temática, à luz das reflexões de profissionais e pesquisadores profundamente comprometidos com o passado, o presente e o futuro das Editoras Universitárias.Acredito ser este o maior e mais duradouro contributo deste livro. 
Plinio Martins Filho

Sumário

Edusp, História Viva,  Marisa Midori Deaecto 9

Editoras Universitárias,  Plinio Martins Filho  23

I. Editores e Escritores no Mercado de Letras  27
1. Pesquisando a História do Livro no Brasil,  Laurence Hallewell 29

2. Editoras Universitárias, para Quê?,  Paulo Franchetti 39

II. A Edição de Livros Universitários na Alemanha e na Itália  47
3. Comércio de Livros e Ciência na Alemanha: Desenvolvimento e Interdependências de uma Relação Difícil,  Ursula Rautenberg 49

4. Algumas Observaações sobre a Edição Universitária na Itália de Hoje,  Edoardo Barbieri 63

5. Livros e Universidades na Itália Centro-Meridional: Diretrizes para um Balanço,  Marco Santoro 85

III. Entre Livros de Papel e Livros Digitais: A Convivência Possível  113
6. Por Que os Livros Ainda TÍm Importância,  John Donatich 115

7. Livros, Bytes ou Ambos?,  Andreas Degkwitz 131

IV. Livros e Universidades: Produção, Circulação e Recepção das Obras Científicas  141
8. A Imprensa Universitária de Buda a Serviço da Formação da Consciência
Nacional dos Países da Europa Central, 1648-1866,  István Monok 143

9. O que é Ser Livreiro e Impressor da Universidade na França sob o Antigo Regime,   Frédéric Barbier 153

V. Livros e Edições no Mundo Ibérico  177
10. Os Universitários e os Livros Didáticos na Espanha (1845-1936),  Jean-François Botrel 179

11. O Mercado do Livro, a Edição e a Universidade em Portugal: Traços Contemporâneos,  Nuno Medeiros 195

VI. A Escrita dos Livros  221
12. Memória das Edições e Gestos de Leitura,  Jerusa Pires Ferreira 223

13. A Escrita Entre a Linguística e as Artes Gráficas,  Michel Melot 231

14. Fenomenologia, Símbolo & História no Conceito de Livro,  Ivan Teixeira 243
VII. Editoras Universitárias na França  253
15. As Editoras Universitárias Francesas: Entre o Modelo Público e o Privado, um Reconhecimento Simbólico Difícil,  Jean-Yves Mollier 255

16. As Presses Universitaires de Rennes no Atual Cenário Editorial Francês:
Uma Dinâmica Multiforme a Serviço do Livro e da Pesquisa,  Denis Rodrigues 269

17. A Formação nos Ofícios do Livro nas Universidades Francesas, Frédéric Barbier

O Lugar das Ciências Humanas  
VIII. Profissionais do Livro: Formação Humanística e Mercado Editorial, Patrícia Sorel  295

18. Baby Steps, Começar a Andar,  Valeria Sorín 297

19. O Curso de Editoração da ECA-USP: Um Projeto Democrático,  José de Paula Ramos Jr. 309

20. O Catálogo como Ferramenta Pedagógica na Formação dos Editores,  Eduardo Pablo Giordanino 315

IX. Desafios da Edição Acadêmica no Mundo Contemporâneo  329
21. Sobre o Sentido da Editora Universitária, sua Filosofia e Estratégias,  Gonzalo Alvarez 331

22. Os Desafios da Edição Acadêmica no Mundo Contemporâneo,  Bernardo Jaramillo Hoyos 339

X. Editoras Universitárias e os Desafios Impostos pelas Novas Mídias  345
23. As Editoras Universitárias e os Desafios da Publicação Acadêmica,  Mary Katherine Callaway 347

24. A Estrutura de Nossa Revolução Editorial,  Garrett P. Kiely 357

25. Um Futuro para a Publicação Acadêmica?,  Andrew Brown 367
Caderno de Imagens  377      
Organizadores e colaboradores  389

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Lançamento: Livros e Universidades - Auditório Freitas Nobre (CJE-ECA/USP)

Este livro tem por finalidade o registro das contribuições apresentadas no Simpósio Internacional “Livros e Universidades”. O evento aconteceu entre 5 e 8 de novembro de 2012, quando a Edusp (Editora da Universidade de São Paulo) celebrou seu primeiro meio século de história.



Na verdade, o presente volume traz algo mais do que a simples transcrição das conferências proferidas. Após a sistematização e reunião de artigos revistos e atualizados por seus autores, o que se tem é a soma de esforços em uma perspectiva multidisciplinar, no sentido de se apresentar questionamentos, diagnósticos e algumas palavras de esperança sobre o futuro do livro e da edição científica.
Considerando a abrangência e complexidade da temática, o simpósio foi organizado em três eixos temáticos, os quais perpassam a presente edição:
Formação editorial
Professores da Universidade de São Paulo, da Universidade de Buenos Aires e de Paris 10 – Arts et Métiers du Livre, apresentaram os programas de suas instituições de ensino e refletiram sobre os desafios da formação do editor diante de um mercado massificado, globalizado e submetido às transformações (revoluções?) das tecnologias de informação e comunicação.
Editores
Afinal, não se pode avançar no processo de autoconhecimento e de desenvolvimento da edição universitária sem a troca de experiências com profissionais da área. Profissionais brasileiros, norte-americanos e europeus contribuíram para a construção de um amplo painel sobre a constituição das editoras universitárias em seus países, suas especificidades, seus catálogos e perspectivas para um futuro próximo.
Pensadores
O livro, já se disse, é um objeto de múltiplas artes. Os organizadores consideraram de fundamental importância a criação de um eixo transversal que nos permitisse pensar a edição e a construção do livro universitário sob diferentes aspectos: da literatura, da semiótica, das artes, da sociologia e da história.
Findo o processo de sistematização de todos os artigos, duas grandes questões saltam aos nossos olhos: a primeira concerne à relação sempre complicada e não raro conflituosa entre o capital e a ciência, aqui analisada sob a ótica dos circuitos de comunicação da edição científica; a segunda questão diz respeito à capacidade de inovação das editoras acadêmicas dentro da própria tradição universitária, fato que se pode apreender tanto do ponto de vista da formação de seus quadros, quanto da história das editoras universitárias. Mas, principalmente, da práxis editorial. 

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Encontro celebra a Arte de Editar


Um livro perfeitamente acabado contém uma boa doutrina, apresentada adequadamente pelo impressor e pelo revisor. É isso o que considero a alma do livro. Uma bela impressão sobre a prensa, limpa e cuidada, é o que faz com que eu possa compará-lo a um corpo gracioso e elegante.
 Alonso Victor de Paredes, Institución y Origen del Arte de la Imprenta, c. 1680
A prática da edição é tão antiga quanto os primeiros volumes, ou livros em rolo. Timão (320 a.C.-230 a. C.), o filósofo cético, referia-se à Biblioteca de Alexandria como a “gaiola das musas”, onde uns “garatujadores” se punham a ler, copiar e comentar textos antigos. Conta o poeta de Fliunte que Zenódoto de Éfeso (333 a.C.-260 a.C.), o primeiro bibliotecário daquela instituição monumental, fundada na “populosa terra do Egito”, procedia a interpretações e intervenções de qualidade duvidosa ao copiar os textos da Ilíada e da Odisseia, o que colocava suas edições sob suspeita.

Nos tempos de Cícero (106 a.C.-43 a.C.) o ato de editar um texto adquire sentido mais amplo. São conhecidas as cartas que o grande orador, escritor e bibliófilo romano endereçou a Ático (109 a. C.- 32 a. C), o amigo abastado, de uma cultura helenista refinada, que não poupava recursos materiais e escravos – gregos, em sua maioria – para a edição e publicação de bons escritos. Ou seja, a arte da edição não se restringia mais ao estabelecimento de cópias dos registros antigos para a sua preservação nas bibliotecas. Tratava-se, agora, de tornar público um texto. Tal perspectiva explica o conteúdo semântico original do latim editor, editoris, ou seja, o que gera, o que produz, ou aquele que causa; e, por extensão, o autor, consoante o verbo edere, de parir, publicar, expor, produzir, segundo explicação de Emanuel Araújo.
Há, na verdade, duas ações em jogo: enquanto edere equivale a lançar um produto literário sem procurar difundi-lo amplamente, publicare descreve o processo pelo qual o texto se torna público, ou seja, quando ele escapa ao poder do autor. Nos dois casos a função editorial é imprescindível, tanto no aspecto da crítica ao texto, tanto no que toca à cópia e à reprodução do original.
A revolução de Gutenberg intensificou ainda mais a oposição entre a escrita (= original) e o texto (= impresso), na medida em que a possibilidade de reprodução mecânica do livro exigiu novos níveis de profissionalização e de padronização. A publicação de textos eruditos se torna, então, uma atividade colegiada, com ampla participação de especialistas em diferentes fases de construção do livro, desde a seleção do manuscrito, donde a importância da filologia no alvorecer da Época Moderna, passando por decisões de ordem estética, ou seja, a escolha de tipos, a definição da quadratura da página e do formato do volume, até as intervenções de natureza editorial, ou seja, a inserção de paratextos, a hierarquização das informações e, claro, a revisão do exemplar impresso. Como escreve Alonso Victor de Paredes em sua preciosa Institución y Origen del Arte de la Imprenta.