Do Dicionário de Citações

Dupla delícia.
O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.
Mário Quintana

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

O que é a Biblioclastia?

O que é a biblioclastia?

Dom Quixote foi vítima da biblioclastia, motivada por familiares que atribuíram seu estado de desvario ao excesso de leituras. Na ficção dirigida por Truffaut, o livro cujo herói inicia sua saga após a queima de livros, será lançado na fogueira. 
A biblioclastia consiste na prática da destruição de livros e seus praticantes são os biblioclastas.
Os biblioclastas existem desde os primórdios do livro. Ou seja, desde que os livros foram concebidos como uma espécie de guardião da memória dos homens, eles se tornaram um foco permanente de cobiça e de destruição.
Poderíamos nos perguntar sobre as motivações de um biblioclasta. Sabemos que elas são muitas e que mudam conforme o tempo e as sociedades. O medo, a intolerância, a inveja, a cobiça [lembram-se de O Nome da Rosa], a sede de poder e tantos outros vícios humanos estão entre os principais motores da destruição dos livros.

É preciso salientar que o discurso de um biblioclasta é sempre muito coerente. Queimam-se os livros hereges para extirpar esse grande mal da alma humana. Destroem-se os livros proscritos porque eles significam um perigo para a ordem social. Livros eróticos devem ser banidos, pois eles representam um ataque à moral e, geralmente, aos valores familiares. 
Enfim, como vimos no filme brilhante dirigido por François Truffaut, Fahrenheit 451 - originalmente, um livro de ficção científica homônimo, escrito por Ray Bradbury - o discurso de um biblioclasta parece sempre fazer muito sentido. Ou seja, há sempre uma razão justificável para a destruição dos livros.
Mas, se todos os livros fossem queimados e nos tornássemos homens-livros, a memória do mundo seria preservada? Sem os livros, também a escrita viria a perecer e, com ela, todo um sistema textual construído e decifrado pela incrível capacidade de memória e raciocínio abstrato desenvolvida pela humanidade cairia no ostracismo. 
DIGA NÃO À BIBLIOCLASTIA!

Biblioclastia

O Que é a Biblioclastia?

"Eu escrevo livros, por isso sei todo o mal que eles fazem". Tolstói
A comunidade uspiana consulta livros deixados ao relento, em uma área aberta, próxima ao Restaurante Universitário. Terça-feira, 30 de janeiro de 2018. Antes da chuva. Universidade de São Paulo, campus da capital.
Sinto muito, estes livros foram condenados.
Não há nada que se possa fazer.
* * *
Qual livro devo destruir?
O que devo fazer com as indesejáveis duplicatas em minha biblioteca?
O que fazem as editoras com os livros que não se vendem?
Livros podem ser indesejáveis?
Livros podem ser perigosos?
Livros são indesejáveis quando são perigosos?
Livros são perigosos quando são indesejáveis?
Livros podem ser destruídos?
Qual é o maior inimigo do livro?
A água?
O fogo?
A violência, a ignorância, a incompreensão, a insensibilidade...
Doenças humanas.
Humanas?
Durante todo esse mês a coluna Bibliomania abordará a Biblioclastia. 
Imagens, poemas, histórias e gestos indignados movem a escrita.
DIGA NÃO À BIBLIOCLASTIA!

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Bibliothèque Mazarine rende homenagem à Geografia e aos Geógrafos com uma bela exposição



Albert Demangeon nasceu em Gaillon (Eure), onde completou seus estudos até ingressar na prestigiosa École Normale Supérieure, em Paris, em 1892. Nessa instituição, ele entra em contato com os debates da geografia moderna, sob a orientação de um de seus principais protagonistas, Paul Vidal de La Blache. Torna-se agrégé, em 1895 e, em seguida, ingressa como maître-surveillant na ENS.
Em 1905 ele defende sua tese sobre a Picardia, a qual será considerada um modelo nos estudos sobre a geografia regional. Contemporâneo e colega de Emmanuel de Martonne, que se dedica à geografia física, ele segue sua carreira universitária na Sorbonne, como professor de geografia humana.
Ele falece em Paria, no início da Ocupação. Seu último projeto, inacabado, foi um Tratado de geografia humana. 
Seus arquivos se compõem de manuscritos, objetos de trabalho, correspondência, carnets de levantamentos e medidas, fotografias tiradas em suas investigações "de plein vent", materiais que permitem ao observador redescobrir Demangeon e de lhe render um lugar de mérito na escola geográfica francesa.


A Exposição

A Exposição "Albert Demangeon (1872-1940). Méthodes, archives et combats d'un géographe de plein vent", busca resgatar a biografia e a trajetória acadêmica do mestre, enfatizando seu papel na renovação do método de pesquisa em sua área.
Desde 1909, ele passa a fazer uso de questionários e dirige grandes investigações nos anos de 1930. Além disso, Demangeon não é insensível às transformações observadas no campo da história, vindo a participar ativamente dos debates e da fundação da revue Annales d’histoire économique et sociale (1929), sob a direção de Lucien Febvre e Marc Bloch.


Algumas de suas publicações

La Picardie et les régions voisines. Artois, Cambrésis, Beauvaisis, Thèse, Paris, Armand Colin, 1905, 496 p. Rééditions, Paris, Guénégaud, 1973 et Cesson-Sévigné, La Découvrance, 2001, sous le titre La Picardie. L'Artois. Le Cambrésis et le Beauvaisis.
Dictionnaire-manuel illustré de géographie, en collaboration avec Joseph Blayac, Isidore Gallaud, Jules Sion et Antoine Vacher, Paris, Armand Colin, 1907, 860 p.
Le déclin de l'Europe, Paris, Payot, 1920, 314 p. Réédition Paris, Guénégaud, 1975.
L'Empire britannique. Étude de géographie coloniale, Paris, Armand Colin, 1923, 280 p.
Les Iles Britanniques (tome I), in Paul Vidal de La Blache et de Lucien Gallois (dir.), Géographie universelle, Paris, Armand Colin, 1927, 320 p.
Belgique, Pays-Bas, Luxembourg (tome II), in Paul Vidal de la Blache et de Lucien Gallois (dir.), Géographie universelle, Paris, Armand Colin, 1927, 250 p.
Paris, la ville et sa banlieue, Paris, Bourrelier, 1933, 62 p.
Le Rhin. Problèmes d'histoire et d'économie, avec Lucien Febvre, Paris, Armand Colin, 1935, 304 p.
Les Maisons des hommes de la hutte au gratte-ciel, avec Alfred Weiler, Paris, Bourrelier, 1937, 127 p.
Problèmes de géographie humaine, Paris, Armand Colin, 1942, 408 p. (posthume)
La France économique et humaine (tome VI, 2e et 3e volumes), in Paul Vidal de la Blache et de Lucien Gallois (dir.), Géographie universelle, Paris, Armand Colin, 1946 et 1948, 900 p. (posthume)

Para saber mais: http://www.bibliotheque-mazarine.fr/fr/evenements/expositions/liste-des-expositions/albert-demangeon-1872-1940-methodes-archives-et-combats-d-un-geographe-de-plein-vent