"Livros a mancheia", Imagem da 17a. Festa do Livro, 2017. |
Muitos séculos se passaram e da mesma maneira que não se imagina, hoje, uma universidade sem livros e bibliotecas, fica difícil conceber uma universidade sem o seu suporte editorial.
As origens das universidades no Brasil remontam a uma história recente. E, também, suas editoras. Hoje elas são numerosas, tanto quanto as intituições de ensino superior. É possível observar, de modo ainda muito superficial, que os catálogos das editoras universitárias sustentam certo ecletismo, este traço tão cartacterísticos das instituições e das formas de pensamento americanas.
Mas, aqui, a velocidade com que as instituições universitárias e editoriais tiveram que responder aos surtos modernizadores - pois a cultura e a educação não acompanham ciclos, mas surtos - e aos desenvolvimentos do mercado, tudo isso fez com que seus catálogos fossem igualmente ecléticos. Não se organiza uma editora no Brasil exclusivamente por uma linha editorial. Nem nas instituições universitárias, nem no mercado. Não há fôlego e nem demanda suficiente para isto. Da mesma forma que é uma falácia sustentar que uma editora universitária deve refletir a produção da universidade. Ela reflete, claro, mas é impossível identificar todas as linhas de pesquisa ou uma só pelo seu catálogo. Do contrário, a crítica parece se inserir no rol das queixas de descontentes que não tiveram seus livros publicados.
Antes, deve-se perguntar: Qual produção? Das Humanidades? Das Exatas? Das Biológicas? De quais setores? Dos mais rentáveis? Dos melhor pontuados? Sob quais critérios de avaliação? Ora, no universo de produções, impossível refletir numa única linha, senão em muitas, a produção de conhecimento que se faz em uma universidade.
As fissuras entre o editor e seus pares - pois é preciso ter espírito de corpo! - apenas refletem os debates e embates vivenciados nos corredores dos departamentos. Com uma diferença: a editora deve ser independente. Sua reação às querelas departamentais é nula. Mesmo que a publicação de um livro aprovado por pareceristas - também pares nas universidades - e por um conselho - também formado por pares - intensifique os debates internos.
"Vivi para fazer livros", Plinio Martins Filho |
Nesses mais de 50 anos de história, a Edusp, Editora da Universidade de São Paulo, tem se mostrado grande, pois compreende as múltiplas funções de uma grande universidade gestada e consolidada em um país periférico. Ela cumpre o papel de editora de arte, como faz Yale, nos Estados Unidos. Ela publica sociologia, brasileira e estrangeira, a exemplo de University Chicago Press. Ela publica grandes coleções como Cambridge e Oxford. E ela faz manuais acadêmicos, como todas as editoras universitárias. Faz tudo com grandeza porque teve à frente a figura de um editor visionário, porém, sensato. De um homem que se orgulha de seu métier.
Registramos aqui nossa homenagem a Plinio Martins Filho, que dirigiu a Edusp durante vinte e cinco anos. Vida longa, Editor!
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