DESCOBRIR NOYON (e a Picardia)
Situada na região francesa da Picardia, a cidade de Noyon se apresenta como uma importante ligação de rotas terrestres, que se conectam ao Norte, com a Bélgica, a Oeste, com Amiens e ao Sul, com Paris. Ela dista 106 km da capital francesa e o acesso se faz diretamente de trem, em uma hora, a partir da Gare du Nord.
Nessa pequena
cidade de 13 mil habitantes, algumas joias são dignas de nota.
No núcleo antigo,
rodeada por um belo casario originalmente destinado aos prelados, cuja
arquitetura remonta aos séculos xvii e
xviii, ergue-se uma belíssima
catedral. Trata-se de um exemplar da arte gótica dos primeiros tempos, com
alguns resquícios românicos, é verdade, se considerarmos a ornamentação de uma
de suas torres.
A catedral de
Noyon foi erguida a partir de 1145, sobre o terreno da igreja antiga consumida
pelo fogo, em 1131. Carlos Magno fora ali coroado rei dos francos, em 768; em 987, seria a vez da consagração de Hugo
Capeto. Desde então, constituiu-se no centro de Noyon um bispado forte, formado
por alguns pares de França, ou seja, a distinção máxima dentro da ordem
eclesiástica, com exceção do Papa. Tal fato justifica os esforços e os gastos
dispensados para a execução da catedral, cujo conjunto arquitetônico se
notabiliza, ainda, pela sala do capítulo e o claustro.
Mas o que
realmente chama a atenção dos viajantes é a biblioteca do capítulo, erguida no
terreno contíguo à catedral, em 1501. Trata-se de um pavimento em madeira sobre
base de pedra, com um pátio livre no rés-de-chão. Uma construção sem dúvida
singular, como o leitor há de convir ao ver a fotografia ao lado.
Na época da
Revolução de 1789 a biblioteca contabilizava cerca de 5 mil volumes. As guerras
revolucionárias, que atingiram em cheio aquele conjunto eclesiástico, ao ponto
de Noyon se submeter, a partir de 1802, à diocese de Bouvines, foram apagando o
brilho da cidade. Deve-se ainda lembrar que as Guerras de 1914 e 1939 tiveram
um efeito desastroso para a população. Nas duas grandes guerras a cidade foi
tomada pelas tropas alemães, vindo a sofrer com as pilhagens, os incêndios e as
destruições que marcaram profundamente sua história.
Hoje a biblioteca
do capítulo é motivo de orgulho dos cidadãos de Noyon. Na prefeitura da cidade,
uma verdadeira joia é guardada a sete chaves. Referimo-nos ao precioso Évangéliaire de Morienval (247 x 192 mm),
com encadernação original e praticamente intacta. Nas palavras do estudioso
André Masson, trata-se de “um dos mais célebres manuscritos da época carolíngia”.
A viagem não para
por aí, pois um capítulo dedicado à Reforma e às guerras de religião da França,
no século xvi, será contato na
casa de Calvino, este ilustre cidadão de Noyon, nascido em 10 de julho de 1509.
Mas sobre esse assunto falaremos num próximo artigo.
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