Do Dicionário de Citações

Dupla delícia.
O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.
Mário Quintana

sábado, 4 de fevereiro de 2017

DiverCidades

DESCOBRIR NOYON (e a Picardia)



Situada na região francesa da Picardia, a cidade de Noyon se apresenta como uma importante ligação de rotas terrestres, que se conectam ao Norte, com a Bélgica, a Oeste, com Amiens e ao Sul, com Paris. Ela dista 106 km da capital francesa e o acesso se faz diretamente de trem, em uma hora, a partir da Gare du Nord.
Nessa pequena cidade de 13 mil habitantes, algumas joias são dignas de nota.
No núcleo antigo, rodeada por um belo casario originalmente destinado aos prelados, cuja arquitetura remonta aos séculos xvii e xviii, ergue-se uma belíssima catedral. Trata-se de um exemplar da arte gótica dos primeiros tempos, com alguns resquícios românicos, é verdade, se considerarmos a ornamentação de uma de suas torres.
A catedral de Noyon foi erguida a partir de 1145, sobre o terreno da igreja antiga consumida pelo fogo, em 1131. Carlos Magno fora ali coroado rei dos francos, em 768;  em 987, seria a vez da consagração de Hugo Capeto. Desde então, constituiu-se no centro de Noyon um bispado forte, formado por alguns pares de França, ou seja, a distinção máxima dentro da ordem eclesiástica, com exceção do Papa. Tal fato justifica os esforços e os gastos dispensados para a execução da catedral, cujo conjunto arquitetônico se notabiliza, ainda, pela sala do capítulo e o claustro.
Mas o que realmente chama a atenção dos viajantes é a biblioteca do capítulo, erguida no terreno contíguo à catedral, em 1501. Trata-se de um pavimento em madeira sobre base de pedra, com um pátio livre no rés-de-chão. Uma construção sem dúvida singular, como o leitor há de convir ao ver a fotografia ao lado.  
Na época da Revolução de 1789 a biblioteca contabilizava cerca de 5 mil volumes. As guerras revolucionárias, que atingiram em cheio aquele conjunto eclesiástico, ao ponto de Noyon se submeter, a partir de 1802, à diocese de Bouvines, foram apagando o brilho da cidade. Deve-se ainda lembrar que as Guerras de 1914 e 1939 tiveram um efeito desastroso para a população. Nas duas grandes guerras a cidade foi tomada pelas tropas alemães, vindo a sofrer com as pilhagens, os incêndios e as destruições que marcaram profundamente sua história.
Ao final dos cataclismos, venceram os livros.
Hoje a biblioteca do capítulo é motivo de orgulho dos cidadãos de Noyon. Na prefeitura da cidade, uma verdadeira joia é guardada a sete chaves. Referimo-nos ao precioso Évangéliaire de Morienval (247 x 192 mm), com encadernação original e praticamente intacta. Nas palavras do estudioso André Masson, trata-se de “um dos mais célebres manuscritos da época carolíngia”.

A viagem não para por aí, pois um capítulo dedicado à Reforma e às guerras de religião da França, no século xvi, será contato na casa de Calvino, este ilustre cidadão de Noyon, nascido em 10 de julho de 1509. Mas sobre esse assunto falaremos num próximo artigo.

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