Em Viena, uma jóia barroca
Projeto: Johan Fischer von Erlach (1656-1723) |
avstriae est imperare orbi vniverso, O destino da Áustria é de governar o mundo, Frederico III (1440-1493)
No limiar do
século XVIII, o império dos Habsburgos atinge o seu apogeu, após a vitória
contra os otomanos. Em 1711, Carlos VI (1685-1740) será coroado Imperador
Romano-Germânico, Arquiduque da Áustria e Rei da Hungria, Croácia e Boêmia. Mas
seus domínios vão muito além, pois atingem as terras da Sardenha, de Nápoles e
da Sicília.
A Hofbibliotheke destina-se, então, à
glória do grande Kaiser. Suas
dimensões monumentais (77 m de comprimento, 14,2 m de largura e 16,6 m de
altura) são apenas comparáveis a de uma catedral. O edifício se torna ainda
mais expressivo em meio ao casario suntuoso em estilo Barroco que conforma a
Josefplatz, embora nenhum supere a biblioteca em termos de extensão e luxo.
O pórtico de
entrada é encimado por esculturas equestres, tendo Minerva ao centro. Mais
abaixo, as inscrições latinas fazem jus ao sentido imperial que se atribui a
essa instituição:
carolvs avstrivs de
leopoldi avg f avg rom imp p p bello vbiqve confecto instavrandis fovendisqve
litteris avitam bibliothecam ingenti librorum copia avctam amplis extructis
aedibus pvblico commodo patere ivssit
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O mobiliário e as
alegorias que conformam a Prunksaal,
o salão da biblioteca, perfaz um capítulo singular na história do décor das instituições de leitura em
estilo Barroco e Rococó. A planta, no entanto, é bastante simples e racional.
Um longo corredor iluminado por janelas laterais, dos dois lados, distribui em
perspectiva as salas dos livros. Os dois extremos foram decorados por temáticas
diversas, que se opõem e se completam: a primeira foi denominada “Ala da
Guerra” e a última “Ala da Paz”. As duas alas são separadas por um salão oval
disposto no centro do edifício, dedicado à gloria de Carlos VI. O Kaiser se faz representar por uma grande
escultura de Hércules instalada bem no centro da sala, sob uma cúpula decorada
por pinturas trompe l’oeil, de Daniel
Gran (1694-1757). O artista da corte faz uso de alegorias para narrar a
história da edificação da biblioteca: em um céu populoso, vemos desfilar todas
as artes que se encontram sob a proteção do monarca.
O salão oval foi
reservado às coleções mais valiosas do Imperador, dentre as quais, a biblioteca
de Eugène da Savoia (1663-1736), este sobrinho do Cardeal Mazarino que
abandonou a corte de Luís XIV para servir à casa dos Habsburgos, onde realizou
uma brilhante carreira militar. Sua fortuna e prestígio o introduziram na arte
da bibliofilia, o que resultou em uma coleção de 18.000 volumes cuidadosamente
selecionados e encadernados.
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