No Palácio Nostitz, vestígios do Novo Mundo
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Interior do Palácio Nostitz (seçulo XVIII), onde se conservam os livros. |
Um Jornal de Viagem cuidadosamente ilustrado, com suas naus
multicoloridas, retraça uma longa e aturada viagem de três longos anos que se
concluem em 1519. Redigido em português, com encadernação reforçada em couro e
amarração, este valioso volume que não ousei fotografar remonta muito
provavelmente à coleção de um mosteiro ou de um palácio da Silésia.
Sobre a mesa, avultam edições já bem conhecidas entre
especialistas e curiosos da brasiliana.
Dois fólios ricamente ilustrados testemunham o interesse
despertado pelas coisas de nossa terra nos tempos da administração de Maurício
de Nassau. Eles comprovam, outrossim, a força da edição holandesa durante o
século XVII. Trata-se da Historia Naturalis Brasiliae [Leiden/Amsterdam, Elzevier, 1648]
e da não menos monumental edição de Casparis Barlaei, Rerum per octennium in Brasilia et alibi nuper gestarum, sub
praefectura illustrissimi comitis J. Mauritii, Nassoviae, &c. comitis...
historia. Amstelodami : ex typographeio Joannis Blaeu , 1647. A mesma deve
ter conhecido notável sucesso nos tempos de sua aparição, pois passados pouco
mais de dez anos surpreendemos nova tiragem, agora em pequeno formato tirada
por um impressor germânico: Casparis Barlaei, Rerum per octennium in Brasilia
et alibi gestarum, sub praefectura illustrissimi comitis J. Mauritii Nassaviae
&c. comitis, historia. Editio secunda. Cui accesserunt Gulielmi Pisonis...
Tractatus 1. De Aeribus, aquis & locis in Brasilia. 2. De Arundine
saccharifera. 3. De Melle silvestri. 4. De Radice altili mandihoca... Clivis: ex
officina Tobiae Silberling , 1660.
Sobre a
riqueza encontrada no Palácio Nostitz, no suntuoso bairro Mala Strana, em Praga,
há muito mais a dizer. Fiquemos, por hora, nestes curiosos exemplares que remontam
o mundo luso-brasileiro, os quais nos fazem pensar nos muitos mistérios que
conduzem títulos improváveis (manuscritos e impressos) à distante Silésia.
Distante? O globo terrestre justaposto à mesa dos livros, um exemplar de Johannes Blaeus, de 1648, bem nos faz pensar que as distâncias e os contatos entre os homens eram muito mais frequentes do que nossa imaginação pode pensar.
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