Do Dicionário de Citações
Dupla delícia.O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.Mário Quintana
terça-feira, 26 de dezembro de 2017
quinta-feira, 7 de dezembro de 2017
domingo, 12 de novembro de 2017
DiverCidades: Paris, toujours Paris...
Carol Pio Pedro apresenta um olhar inspirado sobre Paris
É preciso desconfiar daquele viajante que diz não se interessar por esta ou aquela cidade, pois já passou por ela uma vez.
Quantas vezes é preciso passar por uma cidade para a conhecer bem? Eis um cálculo difícil de se fazer. Seja São Paulo, Buenos Aires, Nova Iorque, Roma, Bangladesh, Marrakech ou Paris... as cidades de ontem e as de hoje, como bem relatam os viajantes, estão sempre prontas a nos surpreender.
Como bem observara os historiador Fernand Braudel sobre o renascimento das cidades medievais, um núcleo urbano se organiza como colméias, eles se alimentam do movimento, das aglomerações, das rotas, das comunicações.
Ou seja, a vocação de uma cidade é a de se alimentar das pulsões do seu tempo e do seu espaço, o que a torna sempre uma novidade... sobretudo essa cidade guarda na paisagem muitas camadas de história.
E um bom viajante jamais pensaria que a cidade ficou ali, estacionada, a repetir uma mesma emoção, ou espanto, ou frustração de tempos passados.
Desvendar o que vai além da paisagem e despertar o olhar do leitor para os cantinhos mais pitorescos de uma cidade, eis o espírito de um bom livro de viagens!
Lançamento
Livraria da Vila
Shopping Higienópolis
23/11
18:30-21:30
Imperdível!
sexta-feira, 20 de outubro de 2017
sábado, 7 de outubro de 2017
segunda-feira, 18 de setembro de 2017
segunda-feira, 4 de setembro de 2017
Das Kapital, de Karl Marx (150 Anos)
Relato de um encontro inesquecível
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Arte de Ciro Yoshyiassi para o Simpósio Internacional que reuniu especialistas em edição e história editorial da obra de Karl Marx |
Dois mini-cursos ministrados por especialistas se desenvolveram simultaneamente. Sob a coordenação de Jorge Grespan, pudemos aprender muito sobre o processo de edição dos manuscritos de Marx. Rolf Hecker e Carl-Erich Vollgraf compuseram a equipe editorial da obra completa de Marx e Engels, a chamada MEGA (2), considerando que a primeira foi realizada nos anos de 1940, por Riazhanov.
Os especialistas se reuniram no último dia das atividades, quinta-feira, 31 de agosto, em uma mesa redonda marcada por muita descontração e informações relevantes sobre a edição da MEGA e sobre a trajetória editorial de El Capital nos países hispano-americanos.
É interessante observar a engenhosidade do processo editorial dos manuscritos de Marx e Engels. Para além do aspecto anedótico - e não menos verdadeiro - da dificuldade de se decifrar a caligrafia do Mouro, vale acrescentar que todo o trabalho não deve descuidar de uma verdadeira crítica genética dos textos, além de conhecimentos profundos dos princípios da filologia e da ecdótica. O desenvolvimentos de expertises e técnicas editoriais, além dos aspectos tecnológicos, cujo salto se deu nas duas últimas décadas, certamente concorreram para um trabalho mais minucioso e preciso, o que faz dessa nova versão algo assombosamente maior e melhor elaborado do que o trabalho de escriba medieval realizado durante a geração de Riazhanov.
Sabe-se, por exemplo, graças às contribuições de Rolf Hecker, que a contribuição de Engels para o segundo tomo de O Capital se distancia bastante das anotações deixadas por Marx. Porém, como Tarcus observa, em sua intervenção, já em vida de Marx é preciso refletir sobre as múltiplas versões de O Capital, o que se explica pelas traduções/versões realizadas sobre um texto complexo, escrito originalmente em alemão, mas também pela intenção de se atingir a um largo público. Finalmente, vida e obra se articulam. Marx, na medida em que refletia sobre sua própria obra, após a publicação do primeiro tomo, cuidava, ele mesmo de a rever em um trabalho contínuo.
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Da esquerda para a direita: Horacio Tarcus, Jorge Grespan, Rolf Hecker, Carl-Erich Vollgraf |
Horacio Tarcus - anotações de viagem
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Horacio Tarcus e, ao fundo, Eduardo S. Cunha, na Biblioteca Edgard Carone, em Itu. |
No Cedem, o Centro de Memória da Unesp, que guarda um dos mais importantes acervos da história da esquerda no Brasil, ele pode conferir o acervo de Astrojildo Pereira, dentre papeis de outros militantes brasileiros.
Seu interesse em conhecer o Cedem é antigo, dado o contato estreito de Tarcus com alguns estudiosos e militantes nacionais, especialmente, com a obra de Edgard Carone, o primeiro a levantar questões sobre a trajetória editorial dos textos marxistas e da literatura do movimento operário no Brasil.
Na verdade, Carone traz do Asmob, ou seja, da mesma coleção hoje guardada pelo Cedem, mas que nos anos de chumbo se encontrava em Milão, documentos que lhe permitiram reconstituir as ações editoriais de Astrojildo Pereira, nos tempos da fundação do PCB (1922). Esse material precioso abriu novos caminhos para o estudo do marxismo e das culturas de esquerda pela via editorial. Considerando a importância do Cedem, espera-se que o problema da falta de funcionários e o silêncio de sua diretora, que não respondeu ao nosso chamado, seja logo resolvido. Não fosse uma missão entre amigos e o interesse em apresentar a instituição ao nosso parceiro portenho, seu desejo não teria se realizado.
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Elisabete Marin Ribas e Horacio Tarcus - Arquivo do IEB |
O Arquivo IEB USP surgiu em 1968, integrado à Biblioteca. A partir de 1974, com a chegada de sucessivos arquivos pessoais, o crescimento do acervo motivou seu estabelecimento como setor independente. Com o objetivo de receber, organizar, preservar e divulgar seus documentos, visando oferecer fontes primárias para pesquisas das mais diversas áreas, o Arquivo IEB atualmente reúne cerca de 500 mil documentos.
O acervo custodiado pelo Arquivo do IEB é fonte de pesquisas para brasileiros e estrangeiros, além de subsidiarem publicações e exposições de grande público pelo país e no exterior.
Dentro de seu precioso acervo encontram-se os arquivos pessoas de: Anitta Malfati, Aracy Abreu Amaral, Caio Prado Jr., Camargo Guarnieri, Graciliano Ramos, João Guimarães Rosa, Mário de Andrade, Milton Santos, entre muitos outros.
A semana terminou com uma longa e agradável visita a Itu, onde se encontram depositados a biblioteca e o arquivo do historiador brasileiro Edgard Carone (1923-2003), que atuou como professor titular do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP
O acervo legado inclui raríssimos volumes publicados na primeira metade do século 20, obras de pensadores marxistas como Antonio Gramsci, Vladimir Lenin, Rosa Luxemburgo e Leon Trótski e as edições brasileiras do Manifesto Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels.
O acervo legado inclui raríssimos volumes publicados na primeira metade do século 20, obras de pensadores marxistas como Antonio Gramsci, Vladimir Lenin, Rosa Luxemburgo e Leon Trótski e as edições brasileiras do Manifesto Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels.
A “joia da coroa” da biblioteca talvez seja a primeira edição francesa de O Capital, de Marx, responsável pela difusão do pensamento marxista na Europa, no século 19 – um volume que pertenceu a um dos fundadores do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Astrojildo Pereira, em 1922.
Mas, como podemos ver na fotografia acima, o que mais interessou ao nosso convidado e, certamente, será motivo de seu retorno, foi a profusão de panfletos e opúsculos anarquistas, socialistas e comunistas que a biblioteca guarda. As primeiras edições brasileiras de O Manifesto Comunista constitui uma das riquezas do acervo.
Estuda-se, agora, a assinatura de um convênio entre a USP e a UNISAM, com a finalidade de aproximar pesquisadores, bibliotecários e arquivistas para a troca de informações, mas também de experiências em bibliotecas e fundos dessa natureza. A equipe de Itu, lideradara pela Profa. Maria Aparecida Borrego e pelos bibliotecários José Renato e Alzira ficaram particularmente animados com essa ideia.
Hasta luego, Tarcus!
Brevíssima nota sobre as primeiras edições de Das Kapital
A
primeira edição do volume primeiro de O
Capital apareceu em Hamburgo, em 1867, com uma tiragem de mil exemplares.
Uma segunda edição, publicada em fascículos e revista pelo autor, viria a ser
publicada entre junho de 1872 e maio de 1873. Em 1883, uma edição póstuma foi
publicada sob a responsabilidade de Engels, com os acréscimos e correções
baseados em notas manuscritas do autor e de duas edições anteriores: a segunda
alemã e a primeira francesa. Uma edição
“definitiva”, pelo menos aquela que nortearia novos estudos e traduções ao
longo do século XX, viria a lume em 1890, com alguns novos acréscimos de Engels,
tirados, sobretudo, da edição inglesa traduzida por Edward Aveling e Samuel
Moore.
A
edição francesa é especialmente importante, porque foi a partir dela que muitos
leitores do mundo ocidental tiveram acesso ao texto de Marx.
Para saber mais, consulte os links:
sexta-feira, 18 de agosto de 2017
quarta-feira, 16 de agosto de 2017
Medo dos Livros/Poder dos Livros
Jornal da Usp faz cobertura do evento do IEA.
Para acessar a matéria:
segunda-feira, 7 de agosto de 2017
quinta-feira, 27 de julho de 2017
A Biblioteca da Dieta do Japão e a Reconstrução Nacional
Kokuritsu Kokkai Toshokan
Tokio, Japão
Projeto: Mayekawa Associates, Architects
& Engineers
A Biblioteca Nacional da Dieta do Japão foi
fundada em 1948, um ano após a promulgação da carta constitucional, a qual zelava
pela soberania do povo através do fortalecimento da Dieta, ou seja, de seu
corpo palamentar. Pode-se mesmo dizer que a NDL – ou National Diet Library,
como ficou conhecida no ocidente – nasce dos escombros de uma terra e de um
povo devastados pela Guerra, donde sua importância simbólica para um país em
reconstrução.
Nos termos da lei, sua função primordial era a
de assistir aos membros do parlamento com uma boa coleção de livros e
documentação relativos ao sistema político e à legislação japonesa e, de modo
mais abrangente, de franquear seu acervo ao leitorado japonês. Nesse sentido,
ela adotaria o sistema das bibliotecas nacionais, a exemplo da Library of
Congress, dos Estados Unidos, resguardando, inclusive, o direito do depósito
legal.
O fundo inicial se formou a partir de duas
importantes e tradicionais instituições : a Biblioteca Imperial, de
1872 ; e as bibliotecas parlamentares, formadas pela Casa dos Pares, ou
seja, por membros da família imperial nomeados pelo soberano; e por membros da Casa dos
Representantes, os quais eram eleitos por sufrágio direto, de acordo com a
Constituição de 1889. Notemos que as duas initiativas datam da Era Meiji,
período iniciado em 1868, que conduziu a nação japonesa a uma série de medidas modernizadoras, baseadas em modelos ocidentais. As bibliotecas oficiais, nesse
sentido, traduziam o espírito patriótico e fortemente identitário da nação
japonesa.
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Atrium do Edifício Anexo da NDL, Tóquio-Japão |
A Biblioteca Nacional da Dieta compõe, hoje,
uma verdadeira rede de bibliotecas. Além dos edifícios principal e anexo,
inaugurados em 1968 e 1993, uma nova construção foi planejada para servir como
depósito de reserva, em 2002, na cidade da ciência de Kansai. Mas o projeto mais
notável por sua originalidade foi, sem dúvida, o da Biblioteca Internacional de
Literatura Infantil, inaugurada em 2000 e concluída em 2002.
quarta-feira, 19 de julho de 2017
Österreichische Nationalbibliothek (Hofbibliotek), 1730
Em Viena, uma jóia barroca
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Projeto: Johan Fischer von Erlach (1656-1723) |
avstriae est imperare orbi vniverso, O destino da Áustria é de governar o mundo, Frederico III (1440-1493)
No limiar do
século XVIII, o império dos Habsburgos atinge o seu apogeu, após a vitória
contra os otomanos. Em 1711, Carlos VI (1685-1740) será coroado Imperador
Romano-Germânico, Arquiduque da Áustria e Rei da Hungria, Croácia e Boêmia. Mas
seus domínios vão muito além, pois atingem as terras da Sardenha, de Nápoles e
da Sicília.
A Hofbibliotheke destina-se, então, à
glória do grande Kaiser. Suas
dimensões monumentais (77 m de comprimento, 14,2 m de largura e 16,6 m de
altura) são apenas comparáveis a de uma catedral. O edifício se torna ainda
mais expressivo em meio ao casario suntuoso em estilo Barroco que conforma a
Josefplatz, embora nenhum supere a biblioteca em termos de extensão e luxo.
O pórtico de
entrada é encimado por esculturas equestres, tendo Minerva ao centro. Mais
abaixo, as inscrições latinas fazem jus ao sentido imperial que se atribui a
essa instituição:
carolvs avstrivs de
leopoldi avg f avg rom imp p p bello vbiqve confecto instavrandis fovendisqve
litteris avitam bibliothecam ingenti librorum copia avctam amplis extructis
aedibus pvblico commodo patere ivssit
m d ccxxvi
O mobiliário e as
alegorias que conformam a Prunksaal,
o salão da biblioteca, perfaz um capítulo singular na história do décor das instituições de leitura em
estilo Barroco e Rococó. A planta, no entanto, é bastante simples e racional.
Um longo corredor iluminado por janelas laterais, dos dois lados, distribui em
perspectiva as salas dos livros. Os dois extremos foram decorados por temáticas
diversas, que se opõem e se completam: a primeira foi denominada “Ala da
Guerra” e a última “Ala da Paz”. As duas alas são separadas por um salão oval
disposto no centro do edifício, dedicado à gloria de Carlos VI. O Kaiser se faz representar por uma grande
escultura de Hércules instalada bem no centro da sala, sob uma cúpula decorada
por pinturas trompe l’oeil, de Daniel
Gran (1694-1757). O artista da corte faz uso de alegorias para narrar a
história da edificação da biblioteca: em um céu populoso, vemos desfilar todas
as artes que se encontram sob a proteção do monarca.
O salão oval foi
reservado às coleções mais valiosas do Imperador, dentre as quais, a biblioteca
de Eugène da Savoia (1663-1736), este sobrinho do Cardeal Mazarino que
abandonou a corte de Luís XIV para servir à casa dos Habsburgos, onde realizou
uma brilhante carreira militar. Sua fortuna e prestígio o introduziram na arte
da bibliofilia, o que resultou em uma coleção de 18.000 volumes cuidadosamente
selecionados e encadernados.
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