Do Dicionário de Citações

Dupla delícia.
O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.
Mário Quintana

segunda-feira, 27 de junho de 2016

LIVRO n.5 - Lançamento em 29 de Julho, 18h30, na Livraria da Vila (da Fradique Coutinho)

Euclides da Cunha Redescoberto



Jornal Folha de S. Paulo publica com exclusividade matéria de LIVRO n.5.

Trata-se de inéditos de Machado de Assis e de Euclides da Cunha recém-descobertos pelos pesquisadores Leopoldo Bernucci e Felipe Rissato

Para saber mais sobre Livro n.5, leia nosso:

EDITORIAL


livro n.5 surge após uma avalanche de mudanças. O formato é o mesmo. O conteúdo não se alterou, pois o livro segue como protagonista em nossa publicação. O que mudou? Tudo e nada. A aura da revista não é mais a mesma. Aquele ambiente de entusiasmo, que outrora atraíra para suas páginas tantos adeptos, talvez não exista mais. A universidade, a cidade, o país, tudo mudou. Porém, nada se transformou, como sói acontecer.
O dossiê tipografias projeta luz sobre as artes do livro. De modo particular, o que se coloca em tela é a escrita, ou as escritas impressas desde William Morris até as escritas menos sutis, baseadas não apenas no tipo, mas na composição e no formato, tal como se apresentam hoje os chamados livros de mesa, ou coffee table books. tipografias reúne ainda artigos sobre as fontes caligráficas de Hermann Zapf, os desenhos de letras de Edgar Koetz, as ilustrações de capas da Fondo de Cultura Económica e um estudo concentrado nas capas da coleção Biblioteca Pedagógica Brasileira Série II, da CEN. Dentre as muitas aproximações que esse panorama deveras amplo das escritas do livro propõe, parece evidente a tensão entre arte, técnica e tecnologia em cada contribuição, desde o ato de resgatar o vínculo da tipografia com suas origens, seguindo a proposta da Kelmscott Press, até o ato individual e solitário de burilar as letras, desafiando os recursos da escrita mecânica e, quiçá, digital.
leituras prolonga um diálogo rico e dinâmico sobre os produtores de ideias e de livros, tal como ele havia se iniciado em uma jornada memorável, promovida pelo nele, dedicada às figuras do Publisher? Editor?, em março de 2015. As iniciativas de publicações partiram de alguns convidados que compuseram as mesas de debate, mas também do público que encontrou na livro um fórum para a exposição e o debate de suas ideias. Desse quadro, o que se extrai é um panorama bastante abrangente de produtores latino-americanos que concorreram para a exibição de livros nas celebradas exposições universais, mas também nas vitrines de livrarias e nas bibliotecas de cada dia. Nessa “conjunção de histórias”, é possível observar a interseção de uma série de produtores do livro, cujas marcas vão sendo deixadas no próprio objeto. Donde a leitura refinada dos textos, dos paratextos e daquilo que ficou relegado às margens dos originais, como se vê nos estudos sobre Mário Graciotti, José Olympio e as edições de Guimarães Rosa e, por fim, a figura do autor-revisor em Graciliano Ramos. A temática dos produtores será desenvolvida na seção debates, na qual editores em atividade serão convidados a refletir sobre seu métier.
No artigo de abertura de leituras, Jerusa Pires Ferreira rememora os caminhos do semioticista V. V. Ivanov, através de uma viagem às bibliotecas da Rússia. A temática se situa nos umbrais da produção e da recepção do livro, o que foge um pouco do tom dominante da seção. Mas quem discordará que a mudança do tom não cria uma nuança importante entre o que se fixa no papel e o que se dispersa na memória do mundo e dos homens? Eis uma possível temática para novas reflexões. 
A arte de Luiz Fernando Machado ilumina
as páginas de Livro n. 5
Dois outros produtores, cujas conversas se iniciaram em nossas jornadas, figuram na seção memória. J. Guinsburg foi o homenageado do encontro Publisher? Editor?, amante dos livros que se tornou um dos grandes expoentes da edição universitária no Brasil. E que não se tome o termo na acepção restritíssima que o sistema universitário tenta lhe impor. As edições da Perspectiva ampliaram os horizontes dos leitores com traduções de títulos essenciais no campo científico – em um mercado que investia e ainda investe muito pouco nesse setor – e seus ensaios inovadores, fruto dos contatos do editor com figuras de vanguarda da intelectualidade brasileira. Aliás, cumpre assinalar que o próprio J. Guinsburg constitui a fina flor da vanguarda paulista, senão, brasileira, dada a abrangência de seu trabalho. Tão avant garde quanto outro homenageado da seção. Nesse ponto, a revista promove um desses encontros raros, em que a amizade e os livros conspiram a nosso favor: Briquet de Lemos rende homenagem ao amigo bibliófilo Rubens Borba de Moraes, em artigo memorável, lido durante a Jornada Brasiliana, Brasilianas, promovida pelo nele em novembro de 2014.
almanack selecionou peças curiosas do que há de melhor na seara brasileira. A primeira, de Mário de Andrade, inicia uma série de pequenas publicações destinadas a resgatar os vínculos do autor com os livros. A segunda apresenta uma faceta pouco conhecia do “poetinha” Vinícius de Moraes, a saber, sua atuação como editor. Luís Pedro Pio apresenta, ainda, no final da revista, uma errata ao artigo de Isabel Travancas, publicado no número anterior. Os editores agradecem ao bibliófilo, amigo dos livros, pela contribuição generosa, desinteressada e incomum.
acervo e arquivo primam pela originalidade dos conteúdos. Na primeira, João Carlos de Oliveira e Álvaro Costa de Matos apresentam ao público brasileiro alguns aspectos da composição da Hemeroteca de Lisboa. Na segunda, Felipe P. Rissato e Leopoldo Bernucci trazem novidades fresquinhas sobre Machado de Assis e Euclides da Cunha. Sim, é possível (re)descobri-los! Pesquisadores não podem se furtar ao trabalho de arquivo, do papel miúdo, empoeirado e despedaçado ao qual se relegou uma soma incalculável de nossa fortuna literária.   
letra & arte, melhor do que nunca, rende-se aos gregos, latinos e modernos. Carpe diem! É ler para crer!
A jornada termina onde tudo começa: nas conversas de livrarias. Voltemos ao Cambucy, ainda grafado com y, quando a cidade, menor em tamanho e, talvez, mais urbana, era um convite à flânerie. Quantas livrarias, quantas bibliotecas, quantos interlocutores! Quanta inteligência! Do início ao fim, Carlos Guilherme Mota, esse grande historiador e crítico do Brasil, faz mover sua pena através da memória da juventude e da idade madura. Saltam aos olhos as recordações evocadas do mestre sobre seus mestres, em um relato tocante e sincero que faz do livro esse instrumento privilegiado de ligação entre os homens.
Encerrando uma jornada difícil, os editores de livro n.5 buscaram, nessa edição, ultrapassar as fronteiras da bibliofilia para reencontrar o sentido mais puro do amor às letras e ao livre-pensamento. É claro que a viagem não para por aqui. A próxima edição já está em andamento. Mas isto é já futurismo!

Plinio Martins Filho
 e 
Marisa Midori Deaecto
Os Editores

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