Do Dicionário de Citações

Dupla delícia.
O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.
Mário Quintana

sexta-feira, 3 de maio de 2019

BBM Inaugura Exposição Sobre Elvino Pocai, um Tipógrafo Raro da Paulicéia

Elvino Pocai, Mestre Tipógrafo da Paulicéia



A gráfica é a busca das formas perfeitas;
não é uma das belas artes, mas é arte de luz!
Elvino Pocai, Folha da Noite, 12 de dezembro de 1956

Raras são as pesquisas que se voltam para a atividade tipográfica e, deve-se salientar, ainda mais raros são os pesquisadores que se dedicam, com tanto entusiasmo e seriedade, a identificar, selecionar e compreender os traços de um tipógrafo.
Nesse universo povoado por um excesso de símbolos e de informações, eis que surge uma pesquisadora e um trabalho que devem ser celebrados, tanto por sua raridade, quanto por sua importância para a história do livro e da tipografia em São Paulo.
Quem foi Elvino Pocai?
Segundo Cristiane Silvestrin, curadora da exposição, editora da Edusp, designer e pesquisadora, o tipógrafo Elvino Pocai nasceu em Florença, em 1881. Partiu muito jovem com a família para a capital paulista, que por esses tempos assistia a uma verdadeira revolução demográfica e cultural, devido à participação intensa de imigrantes, particularmentes os italianos. 
Sua primeira tipografia, Pocai e Weiss, foi instalada no Largo do Arouche, em 1909. Ali se imprimiu a finíssima Monographia do Teatro Municipal de São Paulo, em 1911. Mais tarde, em 1913, a oficina se transferiu para a rua João Adolfo, com a mesma razão social. É apenas no final da década que vemos estampado o nome Pocai e Cia. e de lá saírem importantes revistas da paulicéia, além das poesias de Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida, Osvald de Andrade, Cassiano Ricardo... o que nos leva a pensar que Pocai se tornara bem a extensão material do Modernismo.
As peças expostas permitem reconstituir os principais momentos de  uma atividade tipográfica infatigável, refinada - pois a tipografia não parecia interessada a realizar trabalhos hodiernos - e muito relevante do ponto de vista do repertório bibliográfico que ela materializou, desde de títulos científicos, nos tempos em que despontava o nome de Vital Brasil, de São Paulo para o mundo, até, como dissemos, livros de poesias e obras em grande formato, destinandas a celebrar São Paulo, no seu IV Centenário.
Enfim, há matérias para todos os gostos nessa rica exposição. O que nos leva a expor outro aspecto raro e fundamental para a promoção do conhecimento e da cultura dos livros: Cristiane Silvestrin não coloca em cena apenas a arte de um tipógrafo, o que, como dissemos, constitui tarefa da mais alta relevância. Ela também exibe a importância das bibliotecas como guardiãs do conhecimento, mas também como promotoras e difusoras de pesquisa. Soma-se aos livros e revistas que compõem o acervo pessoal de Cristiane Silvestrin, uma plêiade de publicações raras depositadas nas principais bibliotecas da Universidade de São Paulo. O que, de um lado, expõe a riqueza dos nossos acervos e, de outro, a importância de esforços integrados que dão um sentido pedagógico e acadêmico a estas coleções.
Ao público, fica o convite para a visita a uma exposição discreta, concentrada e silenciosa, que rende ao livro seu lugar de primeira grandeza na história das manifestações humanas. 

Serviço:
https://www.bbm.usp.br/node/453

Para saber mais, ler:
Cristiane Silvestrin, "Elvino Pocai: 'O Artista do Livro'". Livro. Revista do Núcleo de Estudos do Livro e da Edição (NELE), São Paulo, Ateliê Editorial, n. 2, 2012, pp. 191-203.   

Nenhum comentário:

Postar um comentário