Do Dicionário de Citações

Dupla delícia.
O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.
Mário Quintana

sábado, 21 de novembro de 2015

I Conferência sobre a Presença Húngara no Brasil

Local: Anfiteatro da Engenharia Elétrica Escola Politécnica da USP
Av. Prof. Luciano Gualberto, travessa 3, no 158 Cidade Universitária – São Paulo – SP 

Já é um truísmo dizer que São Paulo se construiu através da soma de muitos povos.
De fato, no que se toca à história das migrações internacionais - sobretudo da população europeia acometida pelas guerras que devastaram seus territórios e vitimaram suas gentes - o Brasil e a cidade de São Paulo se apresentaram e se apresentam ainda como uma via possível. É verdade que esse afluxo intenso de imigrantes para a capital e para a hinterland paulista remonta ao último quartel do século XIX. Antes, a comunidade planaltina era tão ensimesmada que a presença de forasteiros de outras províncias já era motivo de estranhamento.
Hoje nenhum paulista ousa estranhar a população e as diferentes línguas faladas pela cidade. E, em certo sentido, diferente de outras regiões, o sincretismo não se deu de forma radical. Dentro da ideia de paulistanidade cabem os acentos diferentes, os gostos, os guetos e, claro, um toque de excentricidade. No outro extremo ocidental do Atlantico e ao sul do Equador, tornamo-nos todos excêntricos! Tudo depende do referencial.
O encontro promovido pela comunidade húngara no Brasil, voltado para a difusão de sua cultural e, especialmente, de sua literatura, constitui uma boa oportunidade para se refletir sobre as transferências culturais vivenciadas entre húngaros e brasileiros na época contemporânea. Não se trata, obviamente, de exaltar as excentricidades de duas nações que se situam nas porções extremas de dois continentes, mas de conhecer a riqueza e a diversidade cultural provocada por esses encontros. Trata-se, sobretudo, de conhecer literatura húngara, segundo a proposta de seus organizadores. É preciso, aliás, atentar para a inacessibilidade do idioma, no sentido de promover traduções de sua escrita, a exemplo do que se faz, a passos lentos, é verdade, com a produção japonesa. E do que se fez, a passos mais rápidos, por uma série de fatores de natureza histórica, com a literatura russa. Um país deve cuidar para a difusão da literatura universal, na mesma medida em que deve atuar para a promoção de sua literatura, localmente e internacionalmente. Um trabalho intensivo e, ao mesmo tempo, de longo prazo, sem dúvida nos tornaria menos excêntricos. Afinal, as centralidades consistem, além do benefício da alteridade, na valorização do outro. No movimento de cosmopolitização que pessupõe um jogo dialético de preservação do nacional e ampliação dos horizontes culturais.
Em tempos de conflitos, de migrações compulsórias que fazem da Hungria, uma vez mais, uma rota estratégica de ligação entre o nascente e o poente, nossas felicitações e votos de sucesso aos organizadores desse encontro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário