Do Dicionário de Citações

Dupla delícia.
O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.
Mário Quintana

domingo, 1 de novembro de 2015

Pensar as Bibliotecas do Passado Olhando Para o Futuro

Seminário Internacional 

"Listas, Catálogos e Inventários de Bibliotecas (XIV-XXI)"

Conferencistas reunidas em uma das seções de trabalho. Alba Iulia, Universidade 1 de Dezembro, em 31 de outubro de 2015
"În perioada 30-31 octombrie 2015, Facultatea de Istorie şi Filologie vă invită la Conferinţa naţională “Bibliologie şi patrimoniu cultural naţional. Cartea românească veche în Imperiul Habsburgic (1691-1830)”, Ediţia a IX-a, Alba Iulia, 30-31 Octombrie 2015. Conferinţa este organizată în cadrul Proiectului "Cartea românească veche în Imperiul Habsburgic (1691-1830). Recuperarea unei identităţi culturale”. Deschiderea oficială a lucrărilor conferinţei va avea loc vineri, 30 octombrie 2015, ora 10.00, în Aula mică (Corp C, etajul 1). Conferinţa se va bucura și de participarea unor invitaţi speciali, istorici ai cărţii şi tiparului, reprezentând instituţii cu tradiţie în domeniu din străinătate: École des Hautes Etudes Pratiques (Franţa), Biblioteca Naţională Universitară din Strasbourg (Franţa), Biblioteca Academiei din Budapesta (Ungaria), Universitatea din Eger (Ungaria), Biblioteca Naţională Centrală din Roma (Italia), Universitatea din Sao Paolo (Brazilia)".

Há pouco menos de um ano o Núcleo de Estudos do Livro e da Edição (NELE-USP) organizou um encontro memorável, destinado a recuperar, aproximar e refletir sobre as coleções brasilianas. Ao aproximar conservadores de bibliotecas do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Brasília, Bahia e Estados Unidos, o simpósio internacional "Brasiliana, Brasilianas" rendia homenagem ao nosso maior bibliográfico, Rubens Borba de Moraes (http://bibliomania-divercidades.blogspot.hu/2014/11/i-jornada-rubens-borba-de-moraes.html ).
Não se tratava apenas de um encontro festivo. Era preciso refletir sobre os avanços realizados no campo da catalogação e da bibliografia e pensar além. Olhar o futuro tirando do presente as ferramentas disponíveis para a multiplicação de brasilianas. As tecnologias atuais no campo da digitalização e o potencial das redes de difusão e acesso aos materiais bibliográficos têm se aprimorado de forma rápida. É preciso perguntar em que medida historiadores e conservadores de bibliotecas têm se articulado para aprimorar, de forma interdisciplinar, ou seja, combinando os recursos da bibliografias material com aqueles da história do livro e da sociologia da leitura, com vistas a multiplicar as brasilianas existentes. Nossos catálogos conformam bases suficientemente completas e exautivas que nos permita somar, comparar e trocar informações e conteúdos sobre títulos, edições, editores, tipógrafos, autores, temáticas, enfim, todos os elementos que nos permitem conhecer o processo de conservação, mas também de apropriação de grandes coleções internacionais, notadamente as brasilianas? 
Escusado dizer que bibliotecas se tornaram algo mais do que depósitos de livros. Na verdade, seu caráter multifuncional sempre existiu. O primeiro grande modelo de biblioteca, o de Alexandria, vale lembrar, confundia-se com o modelo de colégios e seminários, ou república de sábios, tal como estas instituições vêm se desenvolvendo desde a antiguidade. Quando os livros podem ser alcançados pela internet, o que podemos esperar das bibliotecas? Acolhimento, conhecimento, contato real com edições que nos permitam preservar e valorizar nosso patrimônio. Repúblicas de sábios, talvez. Mas, certamente, repositório da memória cultural e patrimônio material. E, nesse ponto, os encontros entre os vários saberes, num só termo, a interdisciplinaridade, torna-se um ponto crucial. Da mesma forma que as redes de contatos, as trocas de dados, de arquivos de edições digitalizadas e de saberes têm se tornado cada vez mais imprescindíveis. As "Brasilianas" estão dispersas no mundo, é preciso manter o trabalho de Rubens Borba de Moraes e aprimorá-lo. Diria, potencializá-lo.
Nesse ponto, a jornada de trabalho que acaba de reunir especialistas europeus (do leste e do oeste) e de outras partes do mundo, apresentou-se como modelo de diálogo interdisciplinar e internacional. Edições espanholas e potuguesas puderam ser descobertas em bibliotecas da Transilvânia, com atenção particular para as edições hispânicas conservadas pela Biblioteca Telekiana, em Tirgu Mûres. A coleção da prestigiosa Biblioteca Nacional e Universitária de Strasburgo não guarda apenas livros preciosos, mas tem arquivos representativos dos diálogos entre aquela porção oriental da França, às margens do Reno e o Brasil (ver programa http://www.uab.ro)
Difícil detalhar todas as contribuições nos limites dessa notícia.
Talvez a melhor imagem tenha vindo de um ilustre conferencista húngaro: um viajante turco se instala em Budapeste no século XIX, corre o mundo e traz gratas lembranças de sua passagem pelo Rio de Janeiro. Tudo isso foi narrado em húngaro. Como conhecer a prestigiosa aventura? Os diálogos dos livros foram, antes de tudo, diálogos entre os homens.
À Dra. Eva Mãrza, diretora do instituto de História e Filologia da Universiade 1 de Dezembro, à Dra. Doina Biro, diretora da Biblioteca Bathyaneum e às autoridades de Alba Iulia (Transilvânia-Romênia) que nos acolheram nesses útimos dias, nossas felicitações e profundo agradecimento por esta inesquecível viagem. Aos professores Frédéric Barbier e István Monok, que pensaram em tudo e aos meus compagnons de route, aquele abraço!

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