Magyar Tudományos Akadémia
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A prestigiosa instituição foi fundada
em 1825, pela ação de nobres interessados na construção de um centro de saber e
de promoção da língua e da cultura húngara. Sem dúvida, um projeto de raízes
ilustradas, que se consumou em um século de prosperidade econômica,
modernização urbana e fortalecimento do reino.
Em 1831, foi redigido seu estatuto e definidas
as seções de estudos: I. Linguística; II. Filosofia; III. Historiorafia; IV.
Matemática; V. Jurisprudência; VI. Ciências Naturais. A presidência devia ser
referendada pelo rei, sendo que o primeiro corpo diretor foi composto em 1835:
conde József
Teleki, presidente; conde István Széchenyi, vice-presidente.
O projeto do
edifício-sede foi realizado pelo prestigioso arquiteto de origem prussiana,
Friedrich August Stüler, entre 1862 e 1865. Sem dúvida, uma construção
suntuosa, erguida à margem do Danúbio, que não demoraria a compor com o
Parlamento (Országház, 1904) e a
Ponte das Correntes (Széchenyi Lánchídum,
1849) belo conjunto na renovada Pest. Destarte, sob a divisa “Nação e Progresso”, a Academia
consolidaria, a partir do Compromisso de 1867, o projeto de um centro nacional
de produção e conservação do saber, ao mesmo tempo que a Magyar Tudományos
Akadémia não demoraria a ser
plenamente reconhecida por suas congêneres europeias.
A biblioteca: coleção Kaufmann
Dávid Kaufmann (1852-1899) |
Dentre os vários atributos da Academia, a
Biblioteca constitui um capítulo especial, merecedor de muitas visitas e
apreciações.
Em meio aos tesouros guardados na Magyar Tudományos
Akadémia, podemos citar a coleção de obras orientais. No campo dos estudos
judaicos, a coleção Dávid Kaufmann (1852-1899) é notável pelo conjunto de
manuscritos e impressos raríssimos que apresenta. Ela consiste em 594
manuscritos e 1.902 livros impressos. Situa-se entre as maiores coleções do
mundo. Embora não possa ser comparada à magnificência das coleções de Oxford ou
de São Petersburgo no campo dos estudos orientais, ela possui algumas
peculiaridades e raridades, que vão desde a importância de seu criador, cuja
produção bibliográfica sobrevive até nossos dias, até a presença de alguns
livros notáveis.
A Haggadah Kauffman se destaca do conjunto como um dos mais antigos exemplares remanescentes de manuscritos produzidos na Catalunha, no século XIV. O exemplar de Kauffman, embora não tão famoso quanto à Haggadah de Sarajevo, nos permite conhecer um pouco dos hábitos de leituras praticados pelas famílias Sefarditas. Pois se trata de um livro manuscrito, ricamente ilustrado, destinado à leitura familiar, sobretudo para uso das crianças durante a Páscoa e outras reuniões festivas de seu calendário. A temática central gira em torno do Êxodo, ou seja, as histórias têm na figura do Faraó e na de Moisés os personagens principais.
Haggadah Kaufmann, Êxodo, Ms A 422, Coleção Kaufmann, Biblioteca da Academia de Ciências da Hungria |
A Haggadah Kauffman apresenta páginas
desgastadas, imagens apagadas, a encadernação já não mais existe. Algumas
marcas de restauro denunciam o uso de tintas de má qualidade, de papeis que
pereceram ao tempo e à má sorte dos livros. Todavia, sua descoberta, ou a
simples possibilidade de folhear um livro que viajou no tempo e no espaço, e
que certamente teve o mesmo destino conturbado daquele exemplar de Sarajevo,
torna o historiador sensível quanto a importância desse objeto na vida
cotidiana e na construção do imaginário das gentes. Não obstante, a certeza de
que tantos outros exemplares como este pereceram às guerras, torna o
historiador pequeno na escala devastadora do mundo. Na escala devastadora das
civilizações. Foi com essa impressão que nos despedimos da Dra. Ágnes
Kelecsényi, que tão gentilmente nos recebeu na sala de estudos da coleção
oriental.
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